Residência EKS
Guarujá, São Paulo
Ficha Técnica
- Área do terreno
- 1429,00m²
- Área construída
- 1053,00m²
- Ano de conclusão
- 2022
Projeto
- Arquitetura
- Jacobsen Arquitetura
- Equipe
- Paulo Jacobsen, Bernardo Jacobsen, Edgar Murata, Marcelo Vessoni, Marcela Siniauskas, Pedro Henrique Ramos, Pedro Junqueira, Maíra Martins, Nathalia Gaddini, Maria Angélica Capporale, Thauan Miquelin
- Design de interiores
- Jacobsen Arquitetura
- Equipe
- Marcela Guerreiro, Camila Attux, Isabel Boccalini, Ananda Nunes, Amanda Leal
- Paisagismo
- Daniel Nunes Paisagismo
- Iluminação
- Maneco Quinderé e Associados Iluminação
- Fotos
- Fernando Guerra (FG+SG)
Emergindo entre a densa vegetação de Mata Atlântica, é no litoral paulista que o projeto para esta residência de fim de semana, localizada em um condomínio residencial a poucos minutos da praia, estabelece um oásis para uma família de surfistas.
No privilegiado lote de esquina, envolto pela mata e cuja casa original acompanhava a família há décadas, o projeto de atualização teve como premissa a preservação do jardim tropical – sua grande herança. Com isso em mente, após uma aprofundada análise do terreno e setorização da antiga morada, por sua vez, bem implantada em função da insolação e vistas, entendemos a necessidade em manter a distribuição programática e posição da piscina.
Respeitando a clareira existente, a nova construção se acomoda na porção frontal do lote, assegurando a privacidade dos espaços de estar e lazer, que se voltam ao pátio traseiro, abraçado pelo maciço vegetal.
De fácil leitura, estruturalmente a residência é definida a partir de um jogo de cheios e vazios: sobre um plano horizontal em estrutura metálica, suspenso a alguns centímetros do solo a partir do nível da rua, no pavimento térreo dois volumes envoltos por painéis ripados de madeira organizam os espaços de serviço e entretenimento, enquanto as salas surgem sobre o vazio que se abre ao jardim, delimitadas por amplos planos de vidro. Delgados pilares de seção circular, distribuídos em malha perimetral, beneficiam os interiores com um generoso vão livre.
Perpendicular a principal via de acesso do condomínio, o primeiro bloco organiza o home theater, conectado a uma pequena varanda, além de um quarto de hóspedes e sauna. Brises de madeira com sistema de abertura camarão deixam entrever o verde e filtram a luz natural. O segundo volume, paralelo a rua principal, é ocupado pelo lavabo, cozinha, lavanderia e dormitório de serviço. Nichos fendem a estrutura para estabelecer bancadas de apoio à adega e do espaço gourmet.
Trazendo a imagem de um monolito único a partir da fachada, painéis de madeira – protegidos pelo prolongamento da laje superior que dá origem a um delicado beiral que sombreia o acesso – mimetizam a porta de entrada. Brises verticais de mesma materialidade recobrem a janela em fita que atravessa da cozinha à área de serviço.
Sobre a bandeja metálica superior, dois blocos revestidos em aço corten acomodam os espaços íntimos, como bangalôs suspensos aludindo ao conceito de casa na árvore. O primeiro, desenvolve-se como pavilhão master, a partir de onde se encontra a suíte do casal e sala íntima, enquanto o segundo, de ângulo obliquo e em balanço, resguarda três suítes.
O arranjo das volumetrias oportuniza a criação de uma dupla de terraços, rebuscados por áreas ajardinadas e envoltos por bancos perimetrais que atuam como guarda-corpo. Em favor da privacidade dos moradores, aquele voltado à rua tem menor dimensão e as fachadas recebem brises verticais. No lado oposto, o contato com a natureza é intensificado a partir de amplos caixilhos de vidro se abrem à varanda – de onde os moradores poderão realizar práticas de ioga em sintonia à paisagem circundante.
A abertura zenital posicionada acima da circulação vertical ilumina a obra visual – materializada em forma de poema e de forte significado à família –, desenvolvida pela artista brasileira, Mana Bernardes, especialmente ao projeto.
Uma ode ao clima litorâneo, a paleta de materiais naturais busca traduzir os conceitos de aconchego e leveza: a madeira é aplicada nos ripados dos painéis, forro e brises. Placas de granito Branco Itaúnas recobrem os pisos dos interiores e deck da piscina, pedra Sabão com o nicho da lareira e paginação irregular em Lajão sobre a varanda lateral. No mobiliário soma-se estofados em linho e peças de designers brasileiros somados às marcenarias desenvolvidas pela Jacobsen.
Sublinhando a integração visual entre o dentro e o fora, quando completamente recolhidos os caixilhos, salas de estar e jantar unem-se a varanda gourmet e solário. A aplicação e repetição dos materiais que se estendem aos exteriores notabiliza a continuidade visual dos espaços.
Localizada a cerca de 5 minutos da praia, uma trilha cercada pela densa vegetação conecta a casa diretamente ao mar. No jardim, o paisagismo, desenvolvido em colaboração com Daniel Nunes, integra espécies nativas às novas, entrelaçando o diálogo entre edificação e paisagem, como um resultado natural.
Para garantir o menor impacto ambiental no terreno, palafitas elevam a casa conferindo estanqueidade e visitação às instalações. Esteticamente, a solução imprime leveza ao conjunto.