Residência JP

Em uma fazenda de terreno imenso e acidentado, ao mesmo tempo cortado por um rio e defronte ao oceano, uma questão se impunha com especial interrogação: onde lançar a casa? A opção pela parte mais alta, em uma área oitenta metros acima do nível do mar, inusitada porquanto se afastasse dos locais de implantação mais óbvios, resultou em que a casa, simulando vôo, criasse um novo espaço e dominasse, de cima, todos os demais – sem, no entanto, privilegiar espaço algum. Sua arquitetura apenas aprofundou esta proposta: suspensos, todos os aposentos se projetam – flutuam sobre o terreno.

É uma casa muito simples, de estilo rústico – fruto, porém, de um complexo estudo das possibilidades da madeira, de suas probabilidades de sucessão, de seus múltiplos encaixes, o que se nota nas estruturas dos grandes vãos e das pontes que interligam os módulos, inteiramente feitas em treliça, quando muito mais fácil seria recorrer ao metal.

O módulo central tem dois pavimentos. No superior, por onde se entra na casa, ficam a cozinha, o bar e a extensa área de estar, além do deque e da piscina – com poderosa vista para a enseada. Uma fenda no telhado, no meio da sala, faz com que a chuva, ao penetrar verticalmente, reproduza os efeitos de uma cachoeira. Contornando esta queda d’água, uma grande escada leva ao primeiro pavimento, amplo espaço de circulação de onde, pelas pontes suspensas, chega-se aos módulos laterais, que abrigam os quartos.

A piscina é o único elemento em concreto na casa; também o primeiro a ser construído, a partir do qual o conjunto em madeira foi erguido e no qual se ancora.