Casa do Tatu

Tendo como referência fundamental uma maquete da estrutura, esta casa foi quase inteiramente erguida sobre o mar, numa época em que o recurso à palafita, muito associado à sub-habitação, raramente se aplicava a uma grande obra de arquitetura. As características do terreno, porém, foram determinantes para que a implantação do projeto se desligasse ao máximo da terra firme: situado no costão rochoso de uma ilha densamente florestada, ademais num ponto de mar raso e cristalino, esta “ocupação da água” se impôs naturalmente, ao mesmo tempo contemplando a preservação ambiental e a captação plena de um pedaço especial do Atlântico.

Desenvolvendo-se a partir de uma bandeja de concreto, que se assenta sobre pilares também de concreto, os dois módulo, estruturados ostensivamente em madeira, ligam-se, desde o cais, por uma longa e sinuosa passarela – coberta com telhas de fibra de vidro que reproduzem a cor de uma vela, o toma da parafina -, concebida para desaparecer em meio à mata.

A construção menor, que possui deque exclusivo, com ofurô, abriga a suíte master. O pavilhão principal, com fantástico pé-direito, reúne, no primeiro nível, as áreas de serviço e as salas, que se abrem todas, completamente, para o mar. As quatro suítes, distribuídas por uma passarela, ocupam as extremidades do pavimento superior, cujas varandas imperceptíveis ao longe, resultam do lento recuo da cobertura de piaçava, como uma “bainha” que se encurta.

Ainda a propósito desta cobertura, destaque para a meia-luz que se cava em seu ponto mais alto – uma espécie de lanterna por onde a luz se esparrama.